sexta-feira, 24 de abril de 2009

A AUTONOMIA DO CORPO E A RECONFIGURAÇÃO DO DESIGN CONTEMPORÂEO

;Se perguntarmos a um transeunte qualquer, desatento e envolto nos fluxos tecnológicos, na ideologia do trabalho e,sobremaneira, estafado por tudo que lhe chega a partir de uma rede discursiva dita como “atualidade”, pelos equipamentos coletivos de mídia, e por uma sequenciada transmissão de enunciados desconstrutivistas, por uma tal reprodução subjetiva da pior fase do capitalismo, e por uma fabricação desmesurada de máquinas territorializadas - para usar uma expressão de Felix Guttari - o que define a contemporaneidade; certamente não obteremos resposta fácil...Se caminharmos um pouco mais e num recorte intelectual, buscarmos as correntes pós-modernas, tão em voga nesse momento do delírio universal, longe de recorrer a um discurso homogêneo, melodicamente desenvolvido, certamente esses teóricos ajustariam o tema, o conceito e à circunstância, quebrando a possibilidade positivista de definição, dando-lhe amplas possibilidades de significar o design contemporâneo. Ora, diante das mutações da subjetividade, sobretudo aquelas que não podem ser reduzidas a modelos de identidade, diante da desidentificação com o circunstancial controle social – muito embora possamos definir a era do controle como uma evolução do século da disciplina – depois da queda da infra-estrutura marxista, e em plena vigência da representação de estratos heterogêneos da invenção cotidiana – paradoxo do mesmo-diferente, ao invés da produção de uma heterogênese pura - diante das oposições binárias vividas a todo vapor, e de um retrocesso de percurso da produção massiva, o que sobrara para uma tal definição. O corpo? Talvez! Fato é que diante das contradições entre o natural, o artificial, e o cultural, ou melhor, entre a natureza, o artifício e a cultura, demonstrar as virtudes do corpo ainda é o melhor caminho para fugir da encruzilhada dos múltiplos componentes de subjetividade que compõem o contemporâneo...Vou falar como modelo-não-modelizado um corpo-farpas; um corpo-máscara-aranha, confeccionado com tampas de ralo de pia; um corpo tecnológico primitivo; de farrapos com conceitos; do simples com a complexidade de um corpo-design menos atual do que virtual, que é nada mais, nada menos do que a expressão diagramática e movente, instável e mutante, difuso e esquizo, do próprio corpo contemporâneo. Corpo este que não reproduz modelos preexistentes no mass-media, e que inventa ou reinventa um trajeto da História Universal – do arcaico ao medieval; do moderno ao pós-guerra – e que introduz possibilidades para uma reconquista do corpo no ambiente inumano em que vivemos; ainda que um humano-maquinizado, mas repleto de sentidos.

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Texto: Fábio Rocha

Foto: Diego Lisboa

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