*ABD-SP - um troféu oferecido ao curta-metragem de maior destaque dentre a Mostra Brasil e um troféu oferecido ao curta de maior destaque dentre a Mostra Latino-Americana, segundo escolha dos associados. O filme "EL PARAÍSO DE LILI", de Melina Leon recebeu troféu pelo seu destaque na Mostra Latina, "ENSAIO DE CINEMA", de Allan Ribeiro (RJ) pelo destaque na Mostra Brasil. As menções honrosas da Mostra Brasil foram para "SARCÓFAGO", de Daniel Lisboa e "FAÇO DE MIM O QUE QUERO", de Sergio Oliveira, Petronio Lorena e na Mostra Latina a menção honrosa foi para o filme "MÚSICA PARA UM FILME PERDIDO", de Luciano Zubillga.
Ainda sobre a repercussão de Sarcófago no festival de curtas de SP. Eduardo Valente escreveu:
"Descobertas do dia: Ninjas, de Dennison Ramalho (UAU); e O Sarcófago, de Daniel Lisboa - que eu tinha certeza que era o melhor curta brasileiro que eu tinha visto esse ano até passar o filme do Dennison. nao porque o do Dennison seja melhor (o que eu nao acho que é), mas porque é um destes filmes que passa apagando um ...pouco da memória o que foi visto antes. mas o do Daniel há de voltar, e ficar."
O Sarcófago, de Daniel Lisboa. Brasil (BA), 2010. Doc - Cor - 35mm - 19 min. Programas Brasileiros > Mostra Brasil 10.
Estranho documentário, que começa com uma imersão no "suposto" modo de pensar do personagem retratado - com disparidades e incongruências de fluidez no trato comum das coisas, no andar, no fazer - e que se aproveita de tamanha ligação ao não comum, ao não normal, para o excesso num exercício de captação e edição tão veloz quanto truncado, e muito voltado a execuções e práticas de tendências e modismos. Conforme o tempo avança e passa-se a intuir e perceber - intuição que vem do acúmulo de informações visuais, e percepção que toma rumo por alguns vociferares e atitudes mais concretas reveladas - o que ocorre e quem seria aquele ser estranho perseguido pelas lentes, o curta passa a conseguir mais atenção e carinho, e passa, também, a ganhar mais consistência e segurança: a partir desse dado e inexato momento, O Sarcófago ganha forma assimilável.
Assimilável e boa. Daniel Lisboa - que poderia deixar de lado alguns dos truquezinhos utilizados lá no início - revela uma dessas pessoas que parecem malucas, e com certeza transitam em ondas fora do padrão comum. O seu personagem reside em Salvador, faz as funçõess de garimpeiro urbano para a feitura artesanal (um escultor, um moldador) de coisas que possibilitam sua excludência desse mundo comum e mereceu mesmo uma documentação. Muito do que se constata ao final do trabalho é pertinente, pois mantém conexão com o não normal do rapaz, e se percebe concretizado com destreza e bom manuseio das ferramentas de cinema. No geral, um bom resultado. Cid Nader.